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Não somos favoráveis ao divórcio. Lutamos arduamente pela preservação do casamento. Entretanto, uma vez que o divórcio tenha ocorrido, acreditamos que a pessoa divorciada tem o direito de buscar ser feliz contraindo novo matrimônio.

Não é justo impôr sobre as pessoas um fardo pesado, desnecessário e inútil. Certos de que Deus deseja que seus filhos sejam felizes,  realizamos casamentos de divorciados e abençoamos a união de todos os casais que se amam.

CASAMENTO DE

DIVORCIADOS

Argumento Teológico

PORQUE A IGREJA ANGLICANA REALIZA O SEGUNDO CASAMENTO?

 

Comumente alguém me interpela, perguntando como nos posicionamos ante a palavra de Jesus, que diz: “O que Deus uniu, não separe o homem”. Por considerar que isso seja relevante para todos aqueles que procuram viver segundo os ensinamentos bíblicos, preparei esse breve e simples argumento.


Para compreendermos a posição anglicana, devemos inicialmente entender algumas diferenças entre os contextos sociais dos dias de hoje e aquele sob o qual o conceito bíblico foi construído. Pra começo de conversa, o ato de repudiar a mulher não se

dava pelo fato de que o marido não a amava mais, afinal, não era por amor que se casavam, mas por acordo; nem se dava porque o marido tivesse se apaixonado por outra mulher, porque os homens podiam se casar com várias mulheres. Só isso já muda tudo! Outro fator é que à mulher divorciada restava-lhe apenas a mendicância, ou a prostituição, como meio de subsistência, já que os pais não a aceitavam de volta. Logo, a indissolubilidade do casamento servia como forma de proteção à mulher, para que ela tivesse mantimentos, ainda que não tivesse um convívio marital com seu esposo. Hoje em dia o divórcio não retira essa proteção, pelo contrário, garante, além do que, as mulheres são e estão a cada dia mais independentes. Enfim, são tantas as diferenças fundamentais que fica impossível fazer qualquer parâmetro bíblico, senão aquele do qual consiste todo o Evangelho, a saber, uma nova chance. Por isso a Igreja Anglicana deixou de praticar a declaração de nulidade de casamento para confiar na misericórdia de Deus.

 

De forma alguma estamos, com isso, contrariando as Escrituras. Não há nada mais bíblico do que a misericórdia e a segunda chance. Ademais, não se pode aplicar o que está escrito sem antes entender o seu espírito, ou seja, o bem que se queria com aquelas palavras, no tempo e na forma em que foram escritas. Feito isso, deve-se aplicar o conceito do espírito, ainda que contrarie a letra. Afinal, "a letra mata, o espírito vivifica". E isso é bíblico.

 

O que, de fato, não é bíblico é o dogma da indissolubilidade do casamento. Pois Cristo disse "não separe", isso é uma ordem. Não disse "não separa", como se fosse uma sentença. Ordens devem ser obedecidas, mas para a desobediência há perdão e nova chance, do contrário não há justiça. O que não se pode é colocar sobre as pessoas divorciadas um fardo vitalício como se Cristo não fosse capaz de fazer o que ele mesmo ordenou, perdoar 70 x 7.

 

Jesus disse que o divórcio não foi dado pela vontade de Deus, mas não disse que ele era nulo, pelo contrário, disse que foi dado. E se o divórcio não é da vontade de Deus, com certeza, também não é da nossa. Porém nem nós, anglicanos, muito menos Deus, temos prazer em ver as pessoas sofrendo, sendo discriminadas pelo fato de terem se separado.

 

Ninguém casa por querer separar-se! Todos que se casam, assim o fazem porque querem ser felizes. Só que às vezes não dá certo! Se esse for seu caso, levante-se e tente outra vez. Você tem todo direito de buscar a felicidade.

 

Julio Zamparetti

Padre Anglicano

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